Wendell Léo Castellano – 06/12/2013
a para a faculdade, e voltava tarde da noite, geralmente perdendo o último ônibus que passava as 22:45hs.
Não era incomum andar até a rodoviária do plano piloto, saindo da 702 norte, para lá pegar o busão pra casa, já que o dinheiro era contado.
Desempregado, aos 17 anos de idade, dava aulas particulares em casa para alunos do 1º e 2º grau, e pegava ¨bicos¨no Conjunto Nacional, nos brinquedos da época do Dia das Crianças, ou ainda nos balcões trocando notas fiscais por cupons de sorteios na época do natal.
Foi aí, que no dia 02 de dezembro de 1993, o ¨papai noel¨ que ficava no trenó no turno de 09 da manhã até 18hs quebrou a perna... seria muito estranho um Papai Noel de gesso...
A administração do shopping em desespero por não ter mais nenhum ¨Papai Noel¨ no mercado... e eis que eles procuram qual era o único ser disponível com o ¨formato¨do papai noel: Eu!...rs
Relutei, mas acabei aceitando... afinal, ganhava muito mais que a galera do balcão.
E foi A MELHOR COISA QUE JÁ FIZ NA MINHA VIDA até o momento...
Uma experiência única, que hoje quero relatar, servindo de reflexão...
01) Um belo dia, uma criança LINDA portadora de síndrome de down, no meu colo, em torno de 6 anos... quando pergunto o que queria ganhar do papai noel, ela responde: - Pra mim nada, eu só queria que aquelas crianças da rodoviária não passassem fome!
Essa resposta já me emocionou bastante... quando ofereço balinhas para ela, ela nega o recebimento e pede que eu dê para as crianças da rodoviária, pois estavam com fome... Chorei! Ao enxugar minhas lágrimas ela diz: - Eu sei que você não é o Papai Noel, mas está fazendo bem o seu papel!
Moral da história: Você pode até estar bem intencionado, mas nunca conseguirá enganar quem tem o coração puro!
02) Em uma outra situação, uma garota linda, vendedora de uma determinada loja do shopping, passava todo os dias pelo ¨meu trenó¨. Flertava à distância, sorria, mandava bilhetinhos, bombons, etc... Me encantei... Em um dos dias, quando fui lanchar, tirei a roupa vermelha, a barba, e caracterizado como Wendell, fui até a loja onde ela trabalhava. Nem me deu bola! Sorri pra ela, comecei a conversar, e ela me deu um fora gigantesco! Cheguei à conclusão que ela observava não a mim, mas ao Papai Noel...rs. Provavelmente tinha alguma fantasia com o bom velhinho!...rs.
Moral da história: As pessoas se encantam pelo que acham que somos ou pelas suas próprias fantasias. Mas o que é sincero e duradouro só vem depois, quando realmente damos espaço para conhecermos a essência e a alma das pessoas. É daí que nasce o amor verdadeiro! A embalagem não é muita coisa, embora seja o que chame a atenção. Mas o verdadeiro presente é o conteúdo. E esse, só pode ser verdadeiramente mostrado pra quem saiba cuidar!
03) Um cara enorme, aparentando uns 45 anos, ficava todos os dias perto de uma pilastra na Praça das Gaivotas no Conjunto Nacional me observando. Comecei a achar estranho, pois eram todos os dias no mesmo horário... Comecei a achar que era mais alguém com alguma fantasia com o Papai Noel...rs. No dia 24/12/93, ele se aproxima e diz: - Você deve ter percebido que passo aqui todos os dias e fico olhando seu trabalho com as crianças e com as pessoas de forma geral. Sou dono de uma loja, e pelo que percebi você é novo de idade, provavelmente ainda não teve um primeiro emprego. Quer ser vendedor na minha loja? E assim conquistei meu primeiro emprego de carteira assinada...
Moral da história: Sempre somos observados. Nunca faça nada diferente do que normalmente faria só por isso. As pessoas perceberão quem você é de forma natural! As boas oportunidades batem na porta de quem faz aquilo que acredita ser o certo!
04) Ainda no dia 24/12, eu estava muito cansado, detonado fisicamente e mentalmente. Nesse dia, o ¨Papai Noel¨da noite não iria... tive que dobrar, de 09hs até 23hs!!! A fila estava enorme de crianças para tirar fotos. O fotógrafo estava feliz por estar ganhando rios de dinheiro com isso (eu não ganhava nenhum centavo das fotos...rs). Lá pelo meio da tarde surtei... sabe aqueles momentos de ¨Dias de Fúria¨?....rs. Levantei, mesmo com a fila enorme, peguei meu saco de balas e sai do trenó. O fotógrafo brigou comigo, as crianças brigaram com ele, afinal, não se briga com o Papai Noel... lembrei da criança com down, subi a escada rolante até o térreo, e fui até a rodoviária... lá embaixo, na área de carga e descarga de passageiros, comecei a brincar com todo mundo, entrar nos ônibus, distribuir balinhas, abraços, beijos, colocar a criançada no colo... comecei a jogar as balas pra todo mundo... surtei geral!
Moral da história: Se dê ao direito de ser ¨louco¨ de vez em quando! Não se importe tanto com a opinião dos outros, largue mão de alguns compromissos às vezes... VIVA a vida!!! Contagie o próximo, mesmo que não saiba quem seja esse próximo! E depois, renovado, volte pra sua vida real!
05) Meus amigos da faculdade passavam pelo meu trenó. Alguns davam risada da minha cara, poucos achavam aquilo legal... mas a maioria me humilhava com o olhar. Me sentia mal com isso, pois não entendia porque era diminuído pelos ¨filhinhos de papai¨ que não precisavam trabalhar, ou que já trabalhavam em bons empregos. Dois deles recentemente foram meus alunos em escolas de concurso.
Moral da história: F....-se a opinião dos outros quando você faz o que acredita e faz com amor! O mundo é redondo, dá muitas voltas... mas não se apegue nisso... não importa o mal que te fazem. Ajude!!! Pratique o bem! Faça do limão uma limonada (como diz uma pessoa especial que amo muito!)... ou uma caipirinha!!!...rs
06) Não lembro exatamente o dia, mas ganhei um bombom enorme de cupuaçu (que adoroooooooo) de uma assistente que trabalhava lá próximo ao ¨meu trenó¨...rs. Não pude comer na hora, com aquela barba incômoda, e atendendo as crianças. Coloquei embaixo da almofada do trenó. Fui lanchar horas depois, tirei a roupa de Papai Noel e à paisana fui comer alguma coisa. Lembrei do bombom... e fui pegá-lo no trenó. O bombom sumiu... e eis que vejo uma criança dessas que são facilmente chamadas de ¨cheira-cola¨ pelos idiotas preconceituosos literalmente com a cara toda suja de chocolate, dando a última mordida no meu bombom. Eu falei pra ele: - Moleque, você por um acaso sabe de quem é esse bombom? Ele respondeu: - Sei sim! É meu!!! Papai Noel adivinhou que eu estava com fome e deixou aqui pra mim!!! Fiquei durante alguns segundos engolindo seco, e com um nó enorme na garganta... Peguei o moleque pelo braço, e levei até a praça da alimentação... ele deve ter comido pelo menos uns 3 Big Mac´s na minha frente, enquanto eu apenas o olhava, com lágrimas nos olhos, por me sentir tão impotente naquele momento, e não estar vestido de Papai Noel naquela hora. Ele pediu depois que voltássemos ao trenó para esperar Papai Noel voltar... eu não podia dizer para ele que ¨eu era o Papai Noel¨. E naquela tarde Papai Noel não voltou... Quando ele foi embora, desistindo de esperar, me diz: - Já que você é amigo do Papai Noel, quando ele voltar, diz pra ele te dar uma caixa desse bombom, porque é muito gostoso!!!
Moral da história: Ajude quem precisa! Ajude quem não precisa! Ajude!!! O seu ¨bombom¨não vai te fazer falta, quando alguém olhar no teu olho e dizer que você é amigo do Papai Noel!
07) Você não precisa ser Papai Noel para, caso ainda tenha a sorte como eu tenho, de colocar seus pais no seu colo... Faça! Cuida deles! Abrace! Beije! Dê carinho! Devolva!!! Nada nessa vida é nosso, tudo é emprestado! Devolva o amor e o cuidado que recebeu, mesmo que acredite que não tenha recebido!
Moral da história: Viva!!! Por que não adota uma cartinha para o Papai Noel dos Correios neste ano?
Se teve a paciência de ler até aqui, e foi uma das crianças que coloquei no colo em 1993, te peço desculpas se não consegui realizar seu pedido! Mas saiba, aprendi muito com cada um que passou por mim! Obrigado!!!
a para a faculdade, e voltava tarde da noite, geralmente perdendo o último ônibus que passava as 22:45hs.
Não era incomum andar até a rodoviária do plano piloto, saindo da 702 norte, para lá pegar o busão pra casa, já que o dinheiro era contado.
Desempregado, aos 17 anos de idade, dava aulas particulares em casa para alunos do 1º e 2º grau, e pegava ¨bicos¨no Conjunto Nacional, nos brinquedos da época do Dia das Crianças, ou ainda nos balcões trocando notas fiscais por cupons de sorteios na época do natal.
Foi aí, que no dia 02 de dezembro de 1993, o ¨papai noel¨ que ficava no trenó no turno de 09 da manhã até 18hs quebrou a perna... seria muito estranho um Papai Noel de gesso...
A administração do shopping em desespero por não ter mais nenhum ¨Papai Noel¨ no mercado... e eis que eles procuram qual era o único ser disponível com o ¨formato¨do papai noel: Eu!...rs
Relutei, mas acabei aceitando... afinal, ganhava muito mais que a galera do balcão.
E foi A MELHOR COISA QUE JÁ FIZ NA MINHA VIDA até o momento...
Uma experiência única, que hoje quero relatar, servindo de reflexão...
01) Um belo dia, uma criança LINDA portadora de síndrome de down, no meu colo, em torno de 6 anos... quando pergunto o que queria ganhar do papai noel, ela responde: - Pra mim nada, eu só queria que aquelas crianças da rodoviária não passassem fome!
Essa resposta já me emocionou bastante... quando ofereço balinhas para ela, ela nega o recebimento e pede que eu dê para as crianças da rodoviária, pois estavam com fome... Chorei! Ao enxugar minhas lágrimas ela diz: - Eu sei que você não é o Papai Noel, mas está fazendo bem o seu papel!
Moral da história: Você pode até estar bem intencionado, mas nunca conseguirá enganar quem tem o coração puro!
02) Em uma outra situação, uma garota linda, vendedora de uma determinada loja do shopping, passava todo os dias pelo ¨meu trenó¨. Flertava à distância, sorria, mandava bilhetinhos, bombons, etc... Me encantei... Em um dos dias, quando fui lanchar, tirei a roupa vermelha, a barba, e caracterizado como Wendell, fui até a loja onde ela trabalhava. Nem me deu bola! Sorri pra ela, comecei a conversar, e ela me deu um fora gigantesco! Cheguei à conclusão que ela observava não a mim, mas ao Papai Noel...rs. Provavelmente tinha alguma fantasia com o bom velhinho!...rs.
Moral da história: As pessoas se encantam pelo que acham que somos ou pelas suas próprias fantasias. Mas o que é sincero e duradouro só vem depois, quando realmente damos espaço para conhecermos a essência e a alma das pessoas. É daí que nasce o amor verdadeiro! A embalagem não é muita coisa, embora seja o que chame a atenção. Mas o verdadeiro presente é o conteúdo. E esse, só pode ser verdadeiramente mostrado pra quem saiba cuidar!
03) Um cara enorme, aparentando uns 45 anos, ficava todos os dias perto de uma pilastra na Praça das Gaivotas no Conjunto Nacional me observando. Comecei a achar estranho, pois eram todos os dias no mesmo horário... Comecei a achar que era mais alguém com alguma fantasia com o Papai Noel...rs. No dia 24/12/93, ele se aproxima e diz: - Você deve ter percebido que passo aqui todos os dias e fico olhando seu trabalho com as crianças e com as pessoas de forma geral. Sou dono de uma loja, e pelo que percebi você é novo de idade, provavelmente ainda não teve um primeiro emprego. Quer ser vendedor na minha loja? E assim conquistei meu primeiro emprego de carteira assinada...
Moral da história: Sempre somos observados. Nunca faça nada diferente do que normalmente faria só por isso. As pessoas perceberão quem você é de forma natural! As boas oportunidades batem na porta de quem faz aquilo que acredita ser o certo!
04) Ainda no dia 24/12, eu estava muito cansado, detonado fisicamente e mentalmente. Nesse dia, o ¨Papai Noel¨da noite não iria... tive que dobrar, de 09hs até 23hs!!! A fila estava enorme de crianças para tirar fotos. O fotógrafo estava feliz por estar ganhando rios de dinheiro com isso (eu não ganhava nenhum centavo das fotos...rs). Lá pelo meio da tarde surtei... sabe aqueles momentos de ¨Dias de Fúria¨?....rs. Levantei, mesmo com a fila enorme, peguei meu saco de balas e sai do trenó. O fotógrafo brigou comigo, as crianças brigaram com ele, afinal, não se briga com o Papai Noel... lembrei da criança com down, subi a escada rolante até o térreo, e fui até a rodoviária... lá embaixo, na área de carga e descarga de passageiros, comecei a brincar com todo mundo, entrar nos ônibus, distribuir balinhas, abraços, beijos, colocar a criançada no colo... comecei a jogar as balas pra todo mundo... surtei geral!
Moral da história: Se dê ao direito de ser ¨louco¨ de vez em quando! Não se importe tanto com a opinião dos outros, largue mão de alguns compromissos às vezes... VIVA a vida!!! Contagie o próximo, mesmo que não saiba quem seja esse próximo! E depois, renovado, volte pra sua vida real!
05) Meus amigos da faculdade passavam pelo meu trenó. Alguns davam risada da minha cara, poucos achavam aquilo legal... mas a maioria me humilhava com o olhar. Me sentia mal com isso, pois não entendia porque era diminuído pelos ¨filhinhos de papai¨ que não precisavam trabalhar, ou que já trabalhavam em bons empregos. Dois deles recentemente foram meus alunos em escolas de concurso.
Moral da história: F....-se a opinião dos outros quando você faz o que acredita e faz com amor! O mundo é redondo, dá muitas voltas... mas não se apegue nisso... não importa o mal que te fazem. Ajude!!! Pratique o bem! Faça do limão uma limonada (como diz uma pessoa especial que amo muito!)... ou uma caipirinha!!!...rs
06) Não lembro exatamente o dia, mas ganhei um bombom enorme de cupuaçu (que adoroooooooo) de uma assistente que trabalhava lá próximo ao ¨meu trenó¨...rs. Não pude comer na hora, com aquela barba incômoda, e atendendo as crianças. Coloquei embaixo da almofada do trenó. Fui lanchar horas depois, tirei a roupa de Papai Noel e à paisana fui comer alguma coisa. Lembrei do bombom... e fui pegá-lo no trenó. O bombom sumiu... e eis que vejo uma criança dessas que são facilmente chamadas de ¨cheira-cola¨ pelos idiotas preconceituosos literalmente com a cara toda suja de chocolate, dando a última mordida no meu bombom. Eu falei pra ele: - Moleque, você por um acaso sabe de quem é esse bombom? Ele respondeu: - Sei sim! É meu!!! Papai Noel adivinhou que eu estava com fome e deixou aqui pra mim!!! Fiquei durante alguns segundos engolindo seco, e com um nó enorme na garganta... Peguei o moleque pelo braço, e levei até a praça da alimentação... ele deve ter comido pelo menos uns 3 Big Mac´s na minha frente, enquanto eu apenas o olhava, com lágrimas nos olhos, por me sentir tão impotente naquele momento, e não estar vestido de Papai Noel naquela hora. Ele pediu depois que voltássemos ao trenó para esperar Papai Noel voltar... eu não podia dizer para ele que ¨eu era o Papai Noel¨. E naquela tarde Papai Noel não voltou... Quando ele foi embora, desistindo de esperar, me diz: - Já que você é amigo do Papai Noel, quando ele voltar, diz pra ele te dar uma caixa desse bombom, porque é muito gostoso!!!
Moral da história: Ajude quem precisa! Ajude quem não precisa! Ajude!!! O seu ¨bombom¨não vai te fazer falta, quando alguém olhar no teu olho e dizer que você é amigo do Papai Noel!
07) Você não precisa ser Papai Noel para, caso ainda tenha a sorte como eu tenho, de colocar seus pais no seu colo... Faça! Cuida deles! Abrace! Beije! Dê carinho! Devolva!!! Nada nessa vida é nosso, tudo é emprestado! Devolva o amor e o cuidado que recebeu, mesmo que acredite que não tenha recebido!
Moral da história: Viva!!! Por que não adota uma cartinha para o Papai Noel dos Correios neste ano?
Se teve a paciência de ler até aqui, e foi uma das crianças que coloquei no colo em 1993, te peço desculpas se não consegui realizar seu pedido! Mas saiba, aprendi muito com cada um que passou por mim! Obrigado!!!
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