14 de set. de 2007

Aos Verdadeiros Sem Terra

A terra que há não é suficiente para a caminhada
Passadas que procuram solo firme,
encontram - ora lama, ora deserto.
Pés descalços vivem sem a medida.
Chinelos em meia.
Sapatos altos - hectares.
Não basta.
A gleba ainda é pouca para tantos pés.
A avidez aumenta a distância da chegada.
Cada qual num percurso.
Todos ansiando um terreno maior. Aumenta-se a exaustão da jornada.
Os andantes querem substituir os calçados. Acreditam ser preciso trocá-los para continuar.
Seus pés não cabem em suas terras. Suas terras são pequenas para seus pés. Na lida diária caminham. O solo aumenta e a insatisfação também.
Alguns estropiados desejam retornar. Mas, seus companheiros tentam dissuadi-los. O recuo os levará à margem.
Quanto mais chão, acreditam, maior felicidade. E, assim, em frente seguem.
O regresso - cada vez mais distante. A dita - parece não vir. Sepultam suas almas!
Há pouca terra para tantos pés... Há muita terra para poucas almas...

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